24.6.07

Rachel Whiteread

Whiteread é um dos maiores nomes da escultura inglesa. Suas obras se concentram, desde 1988, em enfocar o ideal dos objetos, materializando o que não se vê, tornando vivo o vazio dos objetos do cotidiano - como o espaço debaixo de uma cadeira ou de uma mesa; o que acaba trazendo a discussão estética e artística para um campo muito próximo do público.
Alguma das esculturas são de gesso com técnicas de moldagem, criando um estilo particular de esculpir. Para o curador Paulo Venâncio Filho "os objetos têm escala e dimensões humanas, refletem suas funções e a intimidade que têm com nossa vida. São testemunhas silenciosas de momentos privados do dia a dia de cada um de nós. Coisas domésticas, banais. O tamanho de um quarto esculpido por Whiteread, por exemplo, corresponde ao espaço que necessitamos para circular e guardar nossas intimidades".
Rachel, que também trabalha com desenho, foto e vídeo, despertou as atenções em 1993, com um trabalho que ficou conhecido como House. A obra foi feita com um molde de cimento, do interior de uma casa vitoriana. A controvérsia em torno da sua existência foi tão grande que teve sua destruição decretada pelo Parlamento Britânico.
Outro trabalho de relevância foi Ghost. Se trata de um grande cubo de gesso, composto por vários cubos menores dispostos uns sobre os outros de forma organizada e precisa. Há um espaço almofadado que sugere uma porta, que não pode ser aberta; no lugar da maçaneta há um orifício. É o fantasma de um quarto, daí o seu título.
A artista sabe muito bem de seu papel na arte contemporânea e utiliza-se de todos os recursos para isso. Para o curador, as obras de Whiteread "expõe a solidão do mundo contemporâneo. – É impessoal, crua, sem cor, como uma televisão desligada. É forte, instigante. Nos remete ao universo da casa, nos mostra os espaços que utilizamos e não percebemos. Ela molda os sinais das nossas marcas inconscientes".
A memória e o registro da transitoriedade vem à tona através do negativo dos espaços, formas, objetos e vestígios dos dias. A exclusão dos lugares, onde se podia percorrer, dá vez à uma concretude radical. O espaço interno de um quarto se torna um bloco de gesso. Portanto, a impossibilidade de existência nesses ex-lugares documenta a subversão da idéia confortante da segurança entre quatro paredes de que “a minha casa é o meu castelo”.

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